Luís Ferreira Alves: “As casas do Siza são todas especiais, esta é invulgar”

Pouco passava da hora marcada quando o Silo – Espaço Cultural recebeu cerca de duas centenas de curiosos, de todas as idades, prontos para assistir à inauguração da exposição “Siza – Uma Casa Habitada”. O evento foi marcado por uma conversa informal, que contou com a presença de Luís Ferreira Alves e do arquiteto José Bernardo Távora, Siza Vieira não compareceu por motivo de doença.
Este encontro foi orientado por Nuno Malheiro Sarmento, curador do Silo- Espaço Cultural, que começou o diálogo por partilhar com a plateia que também ele cresceu numa casa desenhada por Siza, a casa da sua avó. José Bernardo Távora leu, em seguida, um texto que realça a fotografia como marca do tempo, a arquitetura como uma profissão em vias de extinção e toda a personalidade que caracteriza a Casa de Beires, na Póvoa do Varzim. O também arquiteto explicou que esta obra – a última construção de Siza antes do 25 de abril – após 40 anos permanece singular.
Depois foi a vez do fotógrafo Luís Ferreira Alves tomar a palavra para explicar o telefonema emocionado do amigo Siza quando voltou àquela casa, convidando-o para a fotografar. Numa conversa carregada de memórias, Luís confessou que o pior foi mesmo o cão “terrível e ferocíssimo” que guardava a moradia, mas recordou que, ultrapassado esse obstáculo, ali esteve dois dias intensivos a captar imagens, tentando mostrar todas as memórias, segredos e histórias das gerações que passaram por aquela casa. “As casas do Siza mudam todos os dias, tentei compreender a riqueza do seu desenho e a sua mensagem”, acrescentou.
Com sentido de humor, o fotógrafo falou à concorrida plateia dos seus amigos arquitetos e apresentou Siza Vieira como “o amigo génio que tinha mais à mão”. Apesar de confessar não ter preparado qualquer discurso, Ferreira Alves mostrou-se disponível para receber críticas e perguntas da plateia – inclusive de Souto de Moura, arquiteto autor do Silo-Espaço Cultural, pupilo e um dos melhores amigos de Siza Vieira – que procurou o microfone e questionou o artista sobre a divisão da casa que mais gostou de fotografar – os espaços colectivos, como a escadaria – e a mais difícil de retratar – o quarto.
Esta exposição é composta por 14 imagens de grande formato, distribuídas pelos dois pisos do Silo – Espaço Cultural, no piso 0 do NorteShopping, selecionadas do livro “Álvaro Siza / Ferreira Alves – Casa Beires”, editado em outubro de 2017, e que se encontra à venda no local da exposição.
Com entrada gratuita, esta mostra poderá ser visitada até ao próximo dia 25 de março, de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 20h00 e aos fins de semana das 12h30 às 22h00.
Não perca a oportunidade de ver de perto esta celebração do melhor da fotografia e da arquitetura portuguesas.